A American Cancer Society (ACS) demonstrou que mulheres ativas apresentam de 10 a 20% menos risco de câncer de mama do que mulheres que são inativas. O estudo foi feito a 73 mil mulheres pós-menopausa, e revelou que as mais ativas apresentaram redução de 14% no risco da doença.
O profissional de Educação Física e diretor técnico-científico dos programas de reabilitação cardiometabólica, oncológica e pós-Covid19 da CMED-BRASIL, Gustavo Gonçalves Cardozo recomenda 150 minutos diários de atividades física, aponta que a prática frequente promove o equilíbrio dos níveis de hormônios, reduz o tempo de trânsito gastrointestinal, fortalece as defesas do corpo e ajuda a manter o peso corporal adequado. Todos esses fatores ajudam a diminuir o risco de alterações moleculares importantes que podem gerar neoplasias como é o caso do câncer de mama. Confira a entrevista ao especialista.
Como seria o acompanhamento do profissional de Educação Física com alunos que padecem a doença?
É de suma importância o contato com toda equipe multidisciplinar e multiprofissional, pois as avaliações diagnósticas e prognósticas são de extrema valia na progressão do treinamento físico de pessoas com câncer de mama. A elaboração de estratégias de avaliação e de treinamento físico devem ser feitas constantemente pelo profissional de Educação Física. Avaliações funcionais e corporais são muito relevantes como ferramentas de trabalho do Profissional de Educação Física.
Existem treinamentos específicos para os primeiros estágios deste câncer?
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (2021), é muito importante conhecer o estadiamento da doença e o perfil biológico e clínico do aluno. Com isso, o profissional de Educação Física consegue inserir a carga de treinamento adequada devido as características do tratamento. Os principais modelos que vêm sendo recomendados pelas principais sociedades cientificas mundiais são modelos de treinamento aeróbio associados ao treinamento de força. Ambos auxiliam na redução da perda de aptidão cardiorrespiratória, da força e da massa muscular. Antes de iniciar um programa de exercícios físicos é de extrema relevância conhecer o tipo e as características do tratamento (por exemplo: quimioterapia, radioterapia, pós-cirurgia etc.).
Quais desafios enfrenta uma pessoa com câncer de mama na hora da pratica atividade física?
A fadiga que vai aumentando progressivamente com os estágios da doença e dos tratamentos atrapalha a adesão. O desconhecimento das terapias e dos seus efeitos pela comunidade em geral dificultam as práticas. A carência de centros e profissionais especializados no tratamento do câncer de mama com exercício físico dificulta o encorajamento das pessoas.
O que você sugere para quem descobriu recentemente a doença?
Buscar imediatamente excelentes formas de acompanhamento multiprofissional e acreditar no tratamento baseado nas principais evidências científicas. Entender que o exercício físico adequado é fundamental em quaisquer fases do tratamento, assim como, o tratamento medicamentoso e de outras terapias.
Como seriam os treinos de um ex-paciente de câncer?
As recomendações/sugestões são oriundas da Organização Mundial de Saúde e os principais órgãos que direcionam o tratamento oncológico pelo mundo. A sugestão é manter os níveis habituais de atividade física adequados, objetivando no mínimo 150 minutos de exercícios físicos moderados e/ou 75 minutos de exercícios intensos por semana. As modalidades de treinamentos devem ser de acordo com as características de cada aluna. É fundamental a adesão ao treinamento.
7 Dicas para criar hábitos saudáveis
– Manter-se ativo durante o tratamento do câncer de mama e após a cura.
– Realizar dietas adequadas para controlar o peso corporal
– Não fumar
– Controlar os níveis de estresse
– Evitar ou não ingerir álcool
– Examinar-se constantemente
– Viver a vida
História de vida
Assimilar que a vida vai mudar no processo do tratamento, percorrer o caminho e superar a doença é um grande desafio. A profissional de Educação Física e vencedora do câncer, Rosemary Silva de Souza entende que ganhou uma nova oportunidade para viver. “É inexplicável como tudo ficou para trás”, afirmou em uma entrevista para o Conselho.
Como foi o processo de tratamento?
Foi difícil, logo que fui diagnosticada veio a pandemia, mas graças a Deus tive um bom tratamento e uma boa alimentação. Em casa mesmo, fiz alguns exercícios para ajudar o corpo que fica debilitado.
Como ex-paciente e profissional de Educação Física, por que é importante realizar atividade física durante o tratamento?
Essa fase é muito importante, a atividade física é fundamental para os pacientes. Apesar do corpo estar debilitado, um treinamento leve alimenta a qualidade de vida e melhora na autoestima, além disso, diminui o risco de doença cardíaca, náuseas, ajuda no controle do peso, circulação sanguínea, osteoporose e por último, melhora o humor.
O que você diria para quem está vive a doença?
Não parem de lutar, pois parece difícil e demorado, mas quando menos pensar já passou e vai sair bem e com todo vigor novamente. Olhem sempre a frente e tenham esperança sempre.
Por último, a profissional destacou. “LUTE, VIVA, SE TOQUE, CUIDA-SE, NÃO DESISTA. Toque-se para que seja diagnosticada rápido. Você é uma pessoa forte e determinada, você já venceu.